LIRISMO ( Concerto a 4 Mãos - J.G.de Araujo Jorge )





Eu quero ser o poeta da ternura
O poeta dos carinhos, da meiguice,
das palavras de amor e de doçura
Que ainda ninguém pensou... e ninguém disse...


O poeta dos castelos e dos beijos,
Quando vivemos longamente, a sós,
-que põe vultos de sonhos nos desejos
e que põe "abat-jours" na própria voz..


Eu quero ser o poeta que te enleia..
E te encanta, e te embriaga, e te seduz,
- que no teu corpo branco como a areia
compõe versos de amor feitos de luz!


O poeta que em teus olhos, num momento
acende estranhos mundos e visões,
e que adivinha o teu deslumbramento..
deslumbrado com as próprias emoções...


Eu quero ser o poeta dos anseios,
Dessa minha alma irrefletida e louca,
- e desnudando o encanto dos teus seios
murmurar versos para a tua boca...


Quero ser esse poeta que tu queres,
E os meus versos - assim como um perfume..
Hão de embriagar a alma das mulheres..
para o teu sofrimento..o teu ciúme..


O poeta que põe alma nos sentidos,
e as belezas incógnitas desvenda,
que murmura canções aos teus ouvidos..
e fala sobre o amor num tom de lenda...


Eu quero ser o poeta da ternura,
Que espalha poemas e a sonhar caminha,
e que encontra afinal toda a ventura,
nessa ventura de sentir-te minha !


O poeta a quem tua alma se prendeu,
Esse que chamas louco e sonhador..
Para imortalizar teu nome e o meu..
na imortalização do nosso Amor !..

AMOR QUE MORRE (Florbela Espanca)




O nosso amor morreu..Quem o diria !
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver..sem ver a conta,
Do tempo que passava, que fugia!



Bem estava a sentir que ele  morria..
E outro clarão, ao longe já desponta!
Um engano que morreu, e logo aponta...
A luz doutra miragem fugidia..



Eu bem sei..Meu Amor, que pra viver,
São precisos amores,  pra morrer,
E são precisos sonhos para partir!



Eu bem sei, meu amor, que era preciso..
Fazer do Amor que parte o claro riso,
De outro Amor impossível que há de vir..
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