O AMOR (Gibran Khalil Gibran)




O amor era meu único entretenimento,
 Inspirando-me canções de alegria à noite
E acordando-me ao amanhecer 
Para revelar-me o significado da vida
E os segredos da natureza.

É um Amor paradisíaco...

Livre do ciúme é substancioso
E benéfico ao espírito...

É uma profunda afinidade
Que faz a alma sobrenadar em contentamento..

Uma fome profunda de afeição que..
Quando satisfeita, inunda o coração de bondade!

Uma ternura que cria a esperança
Sem agitar a alma,
E transforma a terra em paraíso..
 E a vida em um sonho doce e belo...

Pela manhã, quando andava pelos campos,
Eu via a presença da Eternidade
No acordar da natureza...

E quando me sentava na praia,
Ouvia as ondas cantando 
 A canção dos Milênios..

Quando caminhava pelas ruas,
Eu via a beleza da vida,
E o esplendor da humanidade
No rosto dos transeuntes,
E na movimentação dos trabalhadores...

A alma que tinha observado com alegria
O vigor incansável da humanidade,
E a glória do universo..
Estava torturada pelas provas de decepção..
 E do fracasso..

Nada fora mais bonito que aqueles dias de Amor..

E nada era mais amargo que aquelas horríveis
Noites de tristezas.....

Quando não mais pude resistir ao impulso... 

Fui...





DESPEDIDA ( J.G. de Araújo Jorge )





Toda  vez que nos despedimos, tontos de Amor..

Enquanto me afagas, enquanto te afago..

Teus olhos escuros, vidrados,

Tem um brilho interior

de lua no fundo de um lago...

Toda vez que nos despedimos,

À espera de uma inquietante "outra vez"..

Enquanto recostas tua cabeça em meu peito,

Te olho nos olhos, pensando que nunca nos vimos..

E me olhas também, mas parece que não me vês ..

Toda vez que nos despedimos,

Toda vez...

Há um mundo de ternura em teus olhos, um mundo..

Estranho e profundo..

Como os reflexos da lua no vinho que ficou

No fundo..

de duas taças.. após a embriaguez..


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